quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O Milagre das Folhas



(...) Mas tenho um milagre, sim. O milagre das folhas.

Estou andando pela rua e do vento me cai uma folha exatamente nos cabelos. A incidência da linha de milhões de folhas transformadas em uma única, e de milhões de pessoas a incidência de reduzi-las a mim.

Isso me acontece tantas vezes que passei a me considerar modestamente a escolhida das folhas.

Com gestos furtivos, tiro a folha dos cabelos e guardo-a na bolsa, como o mais diminuto diamante.

Até que um dia, abrindo a bolsa, encontro entre os objetos a folha seca, engelhada, morta.

Jogo-a fora: não me interessa fetiche morto como lembrança. E também porque sei que novas folhas coincidirão comigo.

Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Deus de uma grande delicadeza.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Oração do novo tempo



Desejo de todo meu coração e minha alma

que neste novo ano que se aproxima

eu magoe menos e seja menos magoada

eu provoque menos e seja menos provocada

eu aborreça menos e seja menos aborrecida

eu insulte menos e seja menos insultada

eu chore menos e provoque menos lágrimas

eu cobre menos e seja menos cobrada.

Do âmago do meu ser

que eu seja menos dependente

que eu seja menos sofrida

que eu seja menos amargurada

que eu seja menos fingida.

Sinceramente quero

ser mais amiga

mais sincera

mais amável

mais amada

mais compreensível

mais flexível

mais feliz

mais viva!

Amém!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.


E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.


E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Meus Sonhos

Sonhos

pressentimentos

não sei ao certo

que nomenclatura usar

Somente sei que

quando adormeço

se adormeço

mensagens passam pela minha mente

quando paro

para analisá-las

sempre me assombro

com as coincidências

e revelações

não quero explicações

apesar de necessitar

somente quero desabafar

que quando sonho

é quase certo de acontecer

talvez não ao pé da letra

mas sempre uma ou outra ocorrência

com a pessoa sonhada

isso não vem de agora

mas somente agora

está se tornando

inquietante para mim

acho que não reclamarei mais

das noites de insônias

pois estão bem mais tranquilas

que as noites dormidas...

Soneto de Separação



De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma

E das bocas unidas fez-se a espuma

E das mãos espalmadas fez-se o espanto.


De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama

E da paixão fez-se o pressentimento

E do momento imóvel fez o drama.


De repente, não mais que de repente

Fez-se de triste o que se fez amante

E de sozinho o que se fez contente


Fez-se do amigo próximo o distante

Fez-se da vida uma aventura errante

De repente, não mais que de repente.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Daqui pra frente...


Me desprendo de amarras antigas em busca de uma vida um pouco mais feliz. Arrisco sem receio e tento não levar em conta os pensamentos dos outros.


Pautei meus passos sempre nas pegadas de outros e apartir de agora quero deixar as minhas próprias na areia...